Bem vindos ao SUPER MANEIRO (agora melhorado)!!!

Na primeira página, vocês poderão ver dicas sobre coisas que ao meu ver, são maneiras. E explicações sobre algumas coisas não muito importantes, mas que é bom que todos nós saibamos.

Na segunda página, estará a parte de humor, do blog.

Na terceira, mais explicações, só que desta vez sobre coisas mais importantes e em forma de críticas.

E na quarta, vocês poderão ler o meu não tão maneiro assim, LIVRO.

Divirtam-se!!!

Nem tudo o que parece é !!! (livro)


 1ª-NOVOS ARES

   Foi no ano de 2009, que eu sofri uma das maiores mudanças da minha vida. Era dia 21 de janeiro e lá estava eu, indo em direção ao ensino médio e à melhor escola da cidade, foi muita pressão sobre mim. E o pior foi que aquela era uma escola somente para pessoas do ensino médio, então, inicialmente pensei que eu chegaria lá sem conhecer ninguém, até que descobri que minhas amigas da antiga escola também continuariam estudando comigo, só que agora nesse novo colégio. Sorte a minha que elas estavam do meu lado, me acompanhando para que juntas conseguíssemos segurar essa barra.
   Isso me lembra quando eu entrei na minha primeira escola, no jardim da infância. Foi difícil pra mim, já que eu só tinha quatro anos, mas acabou dando tudo certo. Fiz muitos amigos, e aprontei bastante naquela escola, como no dia em que eu fugi da sala pra comprar doces.
   Aproveitei que a professora estava ocupada, conversando com a mãe de uma colega minha e pedi pra ir ao banheiro, que era no andar de baixo, no qual eu estudava. Desviei do caminho do banheiro e subi as escadas, pois a cantina ficava no terceiro andar. Fui ao segundo andar morrendo de medo de ser descoberta, o que seria fácil, já que o teto da minha sala era mais alto devido à existência de colunas e se a professora olha-se para cima daria pra me ver. Mesmo assim eu consegui e cheguei ao terceiro andar, comprei muitos doces e voltei à sala com o mesmo esquema, para que não me vissem. Bem deu tudo certo dessa vez.
   Mas eu fui fazer isso novamente no dia seguinte, e a professora me descobriu quando eu já estava no fim da primeira escada. Daí começou a perseguição, eu corri em disparada e a professora me seguindo. Quando eu cheguei à cantina e já ia pegando os doces, ela veio e me impediu. Comecei a chorar e fui arrastada até a sala, fiquei de castigo e a professora ameaçou me colocar dentro de um quarto escuro cheio de canos, que ficava no canto da sala. Chorei mais ainda, pedi desculpas e jurei que nunca mais iria fazer aquilo. A professora contou pra minha mãe e fiquei duas semanas de castigo.
   Um ano depois na mesma escola, me juntei com uma colega de classe, pois nós duas tínhamos um pouco de inveja das outras crianças que eram mais ricas e podiam comprar brinquedos melhores. Então no intervalo nós fugíamos para a sala e trocávamos todos os brinquedos das mochilas. Quando as outras crianças chegavam, ficavam furiosas e uns quebravam os brinquedos dos outros, causando o maior prejuízo. Quando a professora descobriu que fomos nós, ela colocou a gente de castigo de joelhos em cima do milho durante meia hora. Acabando o ano, saí dessa escola por algum motivo que até hoje eu não sei. Mas até que valeu a pena ter passado por aquele maravilhoso colégio, pois lá eu fiz amigos inesquecíveis, e agora também esperava fazer esse mesmo tipo de amigos nessa nova escola do ensino médio.

 

2ª-DIAS RUINS

   Logo no início quando conheci os professores nessa escola do ensino médio, odiei tudo e todos ali. O esquema de provas, de ensino e até a maioria dos alunos.
   O bom foi que lá eu reencontrei velhos amigos de outras escolas. Certo que não conversávamos mais como antes, mas depois que nos acostumamos voltamos a conversar e até relembramos velhas histórias dos tempos de infância.
   Acabei conhecendo os repetentes do primeiro ano que eram quatro: Ivo, Maurício, Priscila e Vanda. Comecei logo a conversar com Priscila. E Vanda eu já conhecia, ela estudou na minha escola do primeiro grau. Um lugar ótimo, onde eu aprontei poucas e boas e passei seis anos da minha vida. Foi essa escola que reconheceu minha capacidade e me pulou de ano: Eu estudei metade de um ano na segunda série e a outra metade na terceira, isso me deixou adiantada, e com certa vantagem. Realmente essa escola me fez dar um grande progresso.
   Os outros dois garotos Ivo e Maurício eram uma comédia total, viviam inventando piadas, brincadeiras e músicas. Faziam todo mundo rir, podíamos chamar de idiotice às vezes, mas eram eles que faziam a aula se tornar menos monótona. Não que isso me fizesse odiar menos a escola, mas até que dava pra suportar.
   O que não dava mesmo pra aguentar eram os meus pais e minha irmã, que ficavam todo dia perguntando como tinha sido o meu dia na escola. E eu sempre respondia a mesma coisa:
    _ Odeio, odeio e odeio. Deixe-me sair daquela escola.
    E meus pais sempre acabavam brigando comigo e falando que eu era mal agradecida, e muita gente queria estar naquele colégio, que como eu já havia dito era o melhor da cidade e também que eu não sabia dar valor às coisas que eu tinha. Todas aquelas besteira dos pais.
   Eles não sabiam como eu me sentia, era muita mudança, muita pressão sobre mim e ninguém me entendia. A não ser minhas grandes amigas Ketlyn, Isabela e Raquel que estavam passando pela mesma situação que eu, vivendo um mundo novo.
   O problema foi que só estudavam comigo na outra escola Ketlyn e Raquel. Isabela morava perto da minha casa, era minha amiga e eu a convenci a estudar na mesma escola e sala que eu. Ketlyn também morava perto da minha casa, mas não conhecia Isabela. Então deu o maior trabalho para que as duas se acostumassem uma com o jeito da outra, o jeito de Isabela era completamente diferente do nosso. Ela era muito individual e Ketlyn não se conformava com esse jeito diferente da garota.
   Quem acabava sobrando nessa história era sempre eu, que tinha que ficar ouvindo reclamação uma da outra sem poder fazer nada, pra não magoar nenhuma das duas. Mas isso é assunto para outro capítulo.

 3ª-GAROTO LEGAL

    Logo no primeiro dia da aula de Física a professora faltou, e deixou uma atividade pra gente responder, mas o que fizemos mesmo foi à festa. Conversávamos o tempo todo, colávamos pelo dever dos “nerds” e o melhor, eu acabei conhecendo a maioria das pessoas da sala. Percebi que algumas eram extremamente inteligentes, mas como em todos os lugares, havia algumas que eram como eu posso dizer?”Menos favorecidas de conhecimento”, mas pra mim isso não mudava nada o meu tratamento com cada pessoa.
   Neste dia eu conheci um garoto muito legal, um pouco burrinho, mas gente boa. Começamos a conversar e não demorou muito tempo as pessoas começaram a dizer que nós estávamos gostando um do outro, eu ficava muito constrangida com aquela situação, mas no fundo eu já estava acostumada. Era sempre assim, toda vez que eu começava a conversar com algum garoto, ficavam todos loucos inventando mentiras sobre a minha pessoa. O pior era que as minhas próprias amigas começavam os boatos. Ele era até bonitinho: forte, usava aparelho, olhos e cabelos claros. Mas, eu sabia que não era a hora para eu me envolver com ninguém, pois além de eu ser bastante nova, eu precisava estudar. E nós éramos apenas amigos.
   A melhor coisa foi que apenas dois ou três meses depois, ele brigou com um professor e decidiu sair da escola. Foi a minha sorte porque se não fosse por isso, tão cedo as pessoas da sala não iriam parar de inventar estórias.   
    Por mais que eu gostasse de brincadeira, sempre fugi desse tipo. Mesmo que eu estivesse gostando de um garoto, eu não queria que ninguém ficasse anunciando.    
   O mesmo aconteceu quando eu estudava ensino fundamental. Eu gostava de um garoto na quarta série, coisa de criança, eu estava nos meus oito anos. E sem querer, demonstrei que era louca por ele, as pessoas mangaram de mim o ano todo, viviam fazendo brincadeirinhas de mau gosto e como eu era gordinha e ele magro ficavam fazendo comparações sem graça. Como, a bola e o palito juntos formam um pirulito, e quando ele deixou claro pra todo mundo que não gostava de mim e sim de uma amiga minha, as crianças passaram a dizer: ”o palito estourou o balão”, ”ele não quis ela porque ela era muito gorda e iria amassá-lo”, e várias outras coisas. Fiquei arrasada. Além disso, minha mãe brigou comigo, porque eu gostava tanto dele, que escrevia as minhas decepções amorosas num diário ,e quando ela pegou meus escritos no escondido e leu, brigou muito comigo, me deixou de castigo, disse que isso não era coisa de criança e se ficasse sabendo de alguma coisa desse tipo novamente, iria me bater e contar para meu pai. Uma semana depois ela contou para o meu pai do mesmo jeito, só porque achou que ele deveria saber. E olhe que eu pedi pra ela não contar, confiei na palavra dela e mesmo assim, minha mãe me decepcionou. O que me surpreendeu foi que o meu pai nem brigou e nem comentou nada sobre isso comigo. Menos mal né?
   Mas, o que importa é que agora no 1ª- ano do ensino médio, as pessoas pararam de fazer esse tipo de brincadeira, quando o garoto saiu da escola, fiquei livre.  

  

 4ª-PROBLEMAS

   O final de semana na minha casa era quase um inferno, pois o meu pai bebia muito, era praticamente um alcoólatra. Isso sempre me machucou bastante.
   Ele começou a ingerir bebida alcoólica , quando eu tinha quatro anos e desde então não parou mais ,já não sabia mais o que fazer, tentei fazer de tudo, conversar com ele, dar conselhos. Bem que meu pai tentou parar algumas vezes, mas nunca passou mais de sete meses sem beber.
   Ele era um cara bom durante a semana quando não estava alcoolizado, mas era só chegar o final de semana que ele começava a beber e se transformava. Parecia até que mudava a personalidade, nunca consegui entender, quando estava sóbreo era uma coisa, um cara calmo, educado e trabalhador. Mas quando bebia ficava ignorante, tosco e violento.
   Meu pai é um homem com personalidade. Ele é bastante alto, pele escura, forte (fruto de anos de academia) e tem uma ótima saúde, o que é um milagre porque ele também fuma a trinta e cinco anos, desde que a sua mãe morreu quando ele tinha nove anos. A partir daí ele e sua irmã Lita ficaram largados. No mesmo ano que perderam a mãe, eles ganharam a primeira madrasta que mandava neles completamente e quando meu pai ia contar o que ela fazia ao meu avô, ele fingia que não escutava e não tomava nenhuma providência. Pouco tempo depois, meu avô entregou minha tia a uma família para ela (naquela época com cinco anos de idade) trabalhar como babá, e nessa casa minha tia sofreu muito, perdeu a infância e entrou em depressão. Mas,graças a maravilhosos amigos que ela tinha,conseguiu superar esse trauma, frequentou um psicólogo, e mais tarde virou freira e viveu muito feliz fazendo o que fazia.
   Já meu pai continuou morando com meu avô e a mulher (madrasta dele), ele também sofreu bastante, apanhava muito e sua madrasta não deixava nem ele comer direito. Por isso saia sempre de casa, dormia nas calçadas e passava fome, até que chegou a terceira madrasta e meu pai decidiu finalmente sair de casa.
   Foi morar sozinho, passou necessidades e se envolveu com uma mulher. Com ela teve uma filha, mas só foi conhecê-la dezoito anos depois, quando já estava casado com minha mãe, eu com nove anos, minha irmã com cinco, e a mãe da minha meia irmã tinha acabado de falecer a poucas semanas e finalmente contou que o verdadeiro pai dela era Givaldo (meu pai). Foi uma grande surpresa, mas aceitamos minha nova irmã, Gilvânia, de braços abertos. E depois de um tempo ela se casou, e teve uma filha.
   Depois da mãe de Gilvânia meu pai se envolveu com uma mulher e foi morar junto com ela, mas não deram certo, eles brigavam muito, ela bebia e tudo sempre acabava em confusão. Nessa época meu pai até tentou se matar, de tanto desgosto, mas graças a Deus, não conseguiu. Ele decidiu se separar dessa mulher, mas ela não se conformou com a separação e infernizou a vida dele por um bom tempo.
   Até que veio a minha mãe, uma mulher bonita, corpão, esperta e nova na cidade. Meu pai se apaixonou logo de cara, conquistou ela e eles foram morar juntos. Passaram bastante necessidade, mas conseguiram superar tudo.
   Eu acho que fatores da infância e adolescência do meu pai contribuíram na personalidade dele na fase adulta. E até no fato de ele beber, mas meu pai deveria ser forte e resistir ao vicio, pois além dele sofrer com isso, me fazia sofrer, assim como todas as pessoas ao seu redor, que sofriam, por ele também.
   Como num dia em que meu pai estava bêbado perto da casa de minha tia e se meteu em uma briga. Como ele fica ignorante quando bebe e é bastante alto e forte, intimidou o cara que estava conversando com a minha tia, e do nada esse homem começou a jogar paralelepípedos no meu pai e vice-versa.
   Só que o cara teve a sorte de estar cercado por paralelepípedos e meu pai só tinha dois ou três ao seu redor. Uma dessas pedras que o homem jogou, pegou de raspão na cabeça do meu pai e quase estoura uma veia. Todo mundo ficou assustado. E minha mãe, junto com a minha tia levaram ele para um hospital numa outra cidade. Graças a Deus, deu tudo certo e não aconteceu nada muito grave.
   Depois disso, meu pai passou seis meses sem beber, mas voltou depois de um tempo. Começou tudo de novo na minha casa, mas eu nunca desisti de lutar para que ele se libertasse daquele vício.
   Além de tudo isso, ainda tinha a minha irmã para me encher o “saco”, a menina era insuportável, me perturbava o tempo inteiro. Mas eu não a deixava ganhar no quesito perturbação, eu também não ficava por baixo, quando ela fazia algo que eu não gostava, eu começava a apelidá-la. Eu a chamava de baleia, bujão, quatro olhos e Kagoline. O nome dela mesmo era Karoline, eu só a chamava de Kagoline pra ela ficar cada vez mais irritada do mesmo jeito que ela fazia comigo.
   Ela tinha 10 anos, mas mentalidade de cinco. Karoline era bastante alta pra sua idade e estava um pouco acima do peso, por isso às vezes me dava pena dela. Os seus amigos só ficavam fazendo gozação com ela, e dando apelidinhos de mau gosto. Certo que eu também mangava de vez em quando, mas é coisa de irmã, eu posso; as outras pessoas de fora, não.
    A minha irmã não tinha muitos amigos, não porque ela não queria, mas porque as pessoas não gostavam muito de ficar com ela. Então na escola ela estava sozinha o tempo quase todo.
   Eu estudava na mesma escola que ela no ensino fundamental, e certo dia, quando fui ao colégio pela tarde para uma aula de reposição,encontrei minha irmã lanchando num canto sozinha e bem triste, enquanto as outras crianças ficavam conversando e brincando em seus grupinhos. Cheguei perto dela e perguntei, porque ela estava ali tão sozinha, e a minha irmã me respondeu que era porque ninguém queria ficar com ela. Aquilo me deixou muito triste, ver minha irmã ser rejeitada pelos que diziam ser seus amigos. Fui perguntar a uma garota porque minha irmã estava sozinha e ninguém queria brincar com ela, então a “cara-de-pau” me disse que chamou minha irmã e ela disse que não queria brincar, preferia ficar sozinha, e depois essa garota chamou Karoline pra brincar. Nunca vi tanta cara-de-pau na minha vida, mas eu fiquei quieta pra não arranjar confusão.
   Karoline adorava animais, e eu sempre detestei. Ela já tentou criar vários bichos como: cachorro, gato, galinha, caranguejo, lagartixa, passarinho, peixe, gafanhoto, caracol, sagui (uma espécie de macaco), tartaruga e até um ganso. Mas nenhum deu certo, pois dava muito trabalho e ela não conseguia tratá-los sozinha. Sorte a minha. Esse ano a minha sorte acabou, minha irmã decidiu criar um coelho; bem, inicialmente foi um, depois minha mãe trouxe outro e formaram um casal. Esse casal teve filhotes da primeira vez e nasceram três coelhinhos, da segunda vez tiveram quatro e assim foi aumentando cada vez mais. Quase morri de medo de que a minha casa ficasse cheia de coelhos, eu tentei vender ou dar aqueles animaizinhos chatos, mas ninguém quis, as pessoas sabiam o quanto era complicado criar coelhos. Decidi não tomar mais nenhuma providência, deixei tudo nas mãos da minha mãe pra ver no que daria.

  

 5ª-ESTRANHOS

   Esse ano eu também comecei a estudar crisma (um sacramento da igreja católica). Chamei minhas duas amigas, Ketlyn e Isabela, pra estudar também, mas elas acabaram ma enrolando e não foram. Não chamei Raquel porque ela já tinha feito no ano anterior, e eu não pude fazer antes, pois sou um ano mais nova que todas as minhas amigas, e para estudar crisma tem que ter no mínimo 13 anos.
   Já que ninguém quis ir comigo decidi ir sozinha. Escolhi o horário do sábado às duas horas da tarde, pois não dava para fazer nem no domingo pela manhã e nem na segunda ou terça pela noite, porque minha mãe não deixava.
   No primeiro dia saí num sol de ”torrar a pele” às duas horas da tarde, morrendo de vergonha porque eu não conhecia ninguém. Chegando lá fiz novos amigos, bom alguns. E quando conheci meus monitores de crisma, tive uma surpresa, uma deles era minha velha amiga Sandra.
   Sandra, era uma garota esperta, divertida e muito inteligente, na maioria das vezes. Ela já havia estudado comigo na quarta, quinta e sexta série, mas a sua família mudou de cidade, então ela teve que mudar de escola também, ficamos dois anos sem nos ver. E agora no ensino médio nos reencontramos novamente e, por armadilha do destino ela seria agora além de minha amiga, minha monitora.
   Observei bem as pessoas da crisma e achei todo mundo estranho. Um povo tão esquisito, e não é só pela aparência física, o jeito de ser também.
   Um era burro, outro parecia um extraterrestre, tinha gente que só falava besteira, gente alto, baixo, de todo tipo, mas eu não me identifiquei com nenhum. Conversei com quase todo mundo para conhecê-los melhor, e finalmente achei uma pessoa que tinha o jeito um pouco parecido com o meu. O nome dela era Deise e também estudava 1ª-ano do ensino médio.
   Ela era uma garota bastante inteligente e estudava numa das melhores escolas estaduais da cidade. Ela pensava muitas vezes como eu, mangava dos outros como eu e era até normal. Deise era bem bonitinha, cabelos longos e escuros, uma estatura media e bem magrinha com um corpo de modelo. Nisso sim, ela era bem diferente de mim, eu sempre fui gordinha e agora tenho cabelos castanhos e curtos. Mas tudo bem a aparência física não importa.
   Lá na crisma quem ganhava o Recorde de “pagação de mico” era Sandra, não sei o que dava nela, mas ela ficava desajeitada, fazia piadas sem graça e era até burra.(( E Sandra não era burra e nem sem graça, mas ela sempre foi desajeitada e acabava sendo também muito engraçada com seus tombos e erros absurdos. Ela fazia todo mundo rir e até os outros monitores (Peter, Carla, Ângela e Lara), ficavam sem fôlego de tantas gargalhadas que davam, o problema era que todo mundo ria dela e não com ela.))
   O pior é que também estudava crisma comigo, uma garota insuportável, que eu já conhecia de vista, mas não aguentava olhar para a cara dela. Ela era baixinha,sem graça e quando acertava qualquer pergunta que os monitores faziam, batia palma pra si mesma. Como se não bastasse isso, a garota estava estudando na mesma escola que eu. Era quase um inferno cruzar com ela todos os dias na escola e estudar crisma com a garota aos sábados também.

 

 6ª-AULAS CHATAS

   Além de essa escola ser chata, as aulas estavam ficando cada vez mais monótonas; mesmo os garotos fazendo muitas brincadeiras não adiantava quase nada. Todos os dias eram a mesma coisa.
   Jasmim, Mônica e Vanda todo dia do mesmo jeito, conversando sem limites, e reclamando quando alguém chamava a atenção delas.
   Ivo todo dia falando de suas viagens absurdas para a professora de literatura e sempre discutindo com a de português.
   Alysson e Miguel sempre com aqueles antigos papos de (nerds), falando sobre computadores. E um tentando ofender o outro passando na cara as notas baixas de cada um.
   Nanda, Tatiane e Michele o tempo todo com as mesmas conversas paralelas, tentando disfarçar para que os professores não vissem. Claro que era em vão, pois elas sentavam nos primeiro e segundo lugares da fila.
   Karine com um milhão de perguntas absurdas para os professores, principalmente ao de matemática.
   Paola, Luciana, Juliana e Liliane sempre com perguntas intelectuais aos professores, e principalmente Paola com discussões irritantes só porque algumas vezes não entendia algo, ou porque havia lido em livros coisas diferentes das quais os professores explicavam nas aulas.
   Júnior e David falavam de sexo o tempo quase todo.
   Tássio dançando o tempo inteiro, falando de sua banda, contando suas histórias e pagando mico toda hora pelas coisas que falava.
   Gabriel com aquela voz grossa desproporcional ao seu tamanho, seu ar de superior e sua cara de criança.
   Daniele com aqueles gritinhos a cada nota boa que tirava. E suas conversinhas paralelas com sua grande amiga Flávia.
   Sandra e Tânia sempre conversando. Bom só Sandra, pois Tânia ficava calada a aula toda só escutando o que Sandra tinha a dizer.
   Luan ficava conversando a aula toda, e contando suas mentiras de interior.
   Priscila, aquela garota quase não aparecia na escola. Era muito difícil encontrar ela lá.
   Fred não sabia onde por o ovo, não sossegava nenhum instante e vivia mudando de lugar.
   André ficava a aula toda correndo atrás de Janaíne. O cara era apaixonado pela garota e não desgrudava dela um só minuto.
   Jorge com aquela inteligência incrível e aquele ar misterioso que encantava a maioria das garotas.
   Dandára copiava o tempo todo durante as aulas e quando não estava escrevendo, falava do seu querido namorado.
   Maurício, dando uma de ex-reprovado e atualmente convertido ao mundo dos CDFs. Mas sem deixar de lado o bom humor e as palhaçadas.
   Agora imaginem isso tudo dentro de uma sala de aula, e olhe que eu não citei todo mundo. Como se não bastasse isso, ainda tinham os professores e funcionários que às vezes me tiravam do sério.
   Como a professora Andréa, uma mulher exagerada, não controlava a sala, conversava o tempo todo com Ivo e brigava muito com Maurício.
   O professor Jadson era um cara legal, mas mudava de humor facilmente: ora ele estava feliz; conversando com todo mundo, ora com raiva e ninguém viesse falar com ele que o cara se estourava. Isso me deixava bastante confusa.
   O professor Edilson era legal, mas às vezes falava bastante, muita gente dizia que ele contava mais histórias que eu (acho difícil). Além de o assunto do 1ª-ano ter sido muito chato.
   O professor Wilson, um cara estranho só falava com quem ele queria, mas eu tenho que confessar que a aula dele passava tão rápido que não dava nem para perceber.
   A professora Rosângela simplesmente chegava na sala e começava a explicar de um jeito estranho, e eu acabava não entendendo nada.
   O professor Josivaldo dava aula brigando, passava muito dever para casa e suas provas ficavam cada vez mais terríveis.
   A professora Janete era bem estranha, dava uma de sábia e não gostava de ser contestada. Ela acabava sendo uma mulher arrogante.
   O professor Adilson era um cara muito chato, ele dava aula; do nada começava a conversar e acabava enrolando a aula toda. Ele começava puxando assunto e quando a gente estava conversando, ele brigava e em seguida dava seu sermão que demorava a aula quase toda.
   O professor Adriano era o mais mal humorado da escola, ele chegava não falava nada, com qualquer coisinha dava piada e depois ia embora. Ele nunca sorria.
   Da professora Jeane eu gostava, só que bem no início, depois de um tempo comecei a achá-la uma mulher metida e insuportável, mas depois eu falo sobre isso com mais detalhes .
  A professora Gabriele era muito enjoada e explicava mais a parte teórica do que prática do vôlei. Afinal, quem quer saber a parte teórica?
   Alguns outros funcionários também me irritavam.
   Nivaldo era um inspetor muito chato, vinha com avisos chatos, sempre fazendo reclamações e com cara feia o tempo inteiro.
   José, um porteiro até gente boa, mas eu já não aguentava mais dar “bom dia” todos os dias.
   A única coisa boa foi ter conhecido o inspetor do andar em que eu estudava e o nome dele era Adelmo. Um senhor muito simpático, gentil e bem humorado. Ele era moreno e tinha uma voz bem grossa. Quando Adelmo tinha que ser mais rígido para manter a ordem entre os alunos da escola, ele engrossava sua voz mais ainda, e às vezes acabava até assustando. Mas era coisa temporária, o problema mesmo era que ele nunca lembrava o meu nome, e isso era uma coisa extremamente irritante pra mim; mas tudo bem, isso se tornou uma coisa relevante, até que deu para aguentar.

 

 7ª-O SUBSTITUTO

   No início do ano a única professora de quem eu gostava era Jeane; para mim ela era uma pessoa muito legal e divertida. Sempre trazia coisas diferentes para a aula: como charges, músicas e coisas para desenvolver a imaginação dos alunos.
   Ela era uma mulher muito bonita, esperta e estava grávida. Então pouco tempo depois ela iria sair de licença maternidade. Essa foi à coisa que mais me chateou: Quando eu começava a gostar de alguém essa pessoa ia embora. Um tempinho antes de ter bebê, a professora disse que iria chegar um novo professor, e ele seria tão bom quanto ela.
   Fiquei extremamente chateada, pois eu achava que nenhum professor que viesse chegaria aos seus pés.
   Igual a época do ensino fundamental, eu tinha uma ótima professora de geografia, e gostava muito dela. Certa vez, ela foi ter bebê e teve que tirar licença maternidade de quatro meses, o que é mais do que correto. Então a diretora colocou uma professora substituta, só até a outra voltar. Ninguém gostou da nova professora, ela era muito chata e ninguém conseguia entender nada do que ela falava. As provas eram de muito baixo nível, e só para fazer mangação; todo mundo colava e ela nem percebia. Acabou que a diretora teve que pedir para a antiga professora voltar a dar aula antes do prazo combinado e a substituta ficou de lecionar outra matéria, mas também não se saiu bem, então acabou sendo demitida.
   Achei que a mesma coisa iria acontecer com esse novo professor do ensino médio. Na hora em que ele chegou à sala, não gostei dele logo de cara.
   Era um tal de Gustavo; um cara estranho, magro, nariz e orelhas grandes e usava óculos. Parecia ser mal humorado, como todos os outros, assisti a sua primeira aula com todo mau gosto possível.
   Mas no decorrer das aulas percebi que ele era um cara bastante interessante, alegre, divertido e estava sempre de auto astral. Uma alegria pura que contagiava toda a sala e fazia com que suas aulas se tornassem cada vez mais legais.
   Além de tudo isso, Gustavo também levava pra gente atividades interessantes. Como: fazer redações de um jeito diferente e divertido, e estimulando a nossa mente.
   Isso fez com que eu esquecesse completamente da professora antiga, e acabasse gostando cada vez mais desse novo professor. O problema foi que ele era só um substituto, e quando acabasse a licença maternidade da outra professora, ele iria ter que ir embora. Não só eu, mas a sala inteira ficou triste quando ele anunciou que iria embora e uma garota até chorou na frente de todo mundo.
   Mas a direção da escola decidiu que iriam ficar dois professores: A professora Jeane ensinaria uma parte das turmas da escola e Gustavo a outra metade, que incluía nós do 1ª-ano.
   Quando fiquei sabendo que ele iria continuar, fiquei com uma imensa felicidade; porque o professor Gustavo sempre foi uma pessoa especial.
    E ele certamente merece ter um capítulo em sua homenagem.

 

 8ª-LUZ, CÂMERA, AÇÃO

   A minha professora de literatura (Janete), decidiu organizar um trabalho para nós alunos fazermos, e esse trabalho que inicialmente valia dois pontos extras na nota, eram peças de teatro. Felizmente só nós alunos do primeiro ano C, iríamos assisti-las. A sala foi dividida em cinco grupos, o primeiro grupo era o de Dandára e o tema foi auto ( mistura de sacro com profano), o segundo era o meu com o tema comédia, o terceiro foi o de Priscila com o tema tragédia, o quarto grupo era o de Paola com o tema tragicomédia e o quinto e último era só de garotos com Ivo e Maurício como líderes que tinha como tema tragédia.
   A professora deu duas semanas para organizarmos e ensaiarmos os nossos grupos. Então o meu grupo que era composto por mais oito garotas, começamos logo a ensaiar, mesmo com o tempo apertado estávamos fazendo o possível para dar tudo certo. Mas, parecia que ia dar tudo errado, pois não estávamos conseguindo arranjar nenhuma ideia boa para nossa peça, até que um dia em uma reunião minha colega Ketlyn (uma das componentes do grupo) teve uma ótima ideia, que era da peça ser espelhada em alguns garotos da sala os que eram mais engraçados com um jeito meio idiota, e com um pequeno toque de exagero que só a gente sabia dar, a peça iria fazer o maior sucesso.
   Começamos a ensaiar, escolhemos logo os garotos e a professora que mais se destacavam na sala de aula. Nanda foi a professora de português que tinha um corpão e chamava muita atenção entre os garotos, eu fui Fred que falava o tempo todo na bunda da professora, Raquel foi André com seus joginhos de celular durante as aulas e gritando game over quando perdia (o tempo todo), Ketlyn foi Ivo contando sobre suas viagens malucas pelo mundo, Vanda fez o papel de Maurício com suas músicas e danças malucas; geralmente de autoria própria, Isabela foi Leo fingindo que o tênis era um telefone e o atendendo a todo momento, Daiane foi Júnior como sempre falando o tempo inteiro sobre sexo, para não ficar só garotos; decidimos que Michele faria o papel de Daniele uma gordinha que saía pulando e gritando toda vez que tirava nota boa, e por fim; Tatiane que apresentou a entrada da peça como uma esquizofrênica; pra mostrar como a peça era maluca. Estava tudo perfeito, mas ficamos com medo que os garotos ficassem com raiva de nós, afinal estávamos mangando muito deles. Então, decidimos fazer com que eles assinassem um papel que nos dava um tipo de direitos autorais para que pudéssemos representá-los na peça sem nenhum problema. Claro que demos um jeito de que fosse tudo em segredo, sem que eles percebessem do que se tratava.
   Chegando o dia da peça, nós estávamos extremamente nervosas. Iniciou com a de Dandára, o cenário era de um cabaré, foi hilário e as falas eram todas rimadas. Em seguida foi a minha peça, como nós não trocamos de roupa as pessoas acharam bem estranho, mas continuamos;e pouco a pouco os garotos foram se reconhecendo e as pessoas foram diferenciando cada um. Depois foi a de Priscila,eles falaram sobre uma garota que entrou no mundo das drogas.Todo mundo achou a maior chatice.E antes de mostrar a peça dos garotos e a de Paola o horário da professora acabou e ela deu mais duas semanas para que os dois grupos se apresentassem.
   Passando as duas semanas, os grupos se apresentaram. O primeiro foi o de Paola,falando sobre uma mulher que achou que seu marido era gay e o matou,sendo que na verdade ele acabara de descobri que, tinha um filho de um relacionamento antigo, acabou sendo bastante engraçado por causa das fofoqueiras. E finalmente a peça dos garotos, que eles fizeram de improviso; e era para ser uma tragédia que virou comédia; a maior parte da peça era de travesti e gay, mas acabou fazendo sucesso também.
   As pessoas elogiaram bastante a minha peça, mas a professora havia decidido que agora iria valer um ponto e o meu grupo acabou tirando meio. Foi tanto trabalho e tanto gasto de dinheiro para praticamente nada. Mas, o importante foi a diversão de ter participar daquilo tudo e principalmente o fato de termos homenageado nossos colegas de sala.     
 
  
   Um tempo depois de ter feito essa peça o meu professor de inglês (Josivaldo), também passou um trabalho; mas nesse teríamos que usar nossa criatividade para achar uma maneira de mostrar todo o conteúdo que foi visto durante o ano letivo. Eu e minhas colegas do fundão decidimos formar um grupo, mas dessa vez teria que ser menor. Éramos quatro, mas uma de nossas integrantes saiu da escola; mesmo assim pedimos para ela nos ajudar, e a garota aceitou. Mas mesmo assim tínhamos pouca gente no grupo, então Sandra também se ofereceu para nos ajudar.
   Os integrantes nós já tínhamos, só faltava agora uma ideia criativa para nosso trabalho, e Raquel teve essa ideia, ela disse que seria legal que fizéssemos uma foto-novela. Eu achei bem legal e disse que seria bom se nós mesmas fizéssemos tudo, inclusive pousar para as fotos. Inicialmente ela não concordou, mas como ela percebeu que com isso aproveitaríamos nossos dotes artísticos, Raquel e as outras garotas aceitaram.
   Como quase todas nós éramos envergonhadas para determinados tipos de coisa, tiramos no papelzinho quem faria cada papel, pois iríamos pagar o maior mico; afinal tudo comigo tem que ser engraçado. A estória seria sobre três amigos onde dois formariam um casal e deixaria a outra de lado, e depois essa outra revoltada com a estória toda, assassinaria os outros dois.
   Acabou que eu fiquei sendo a atriz principal; que era a revoltada, Sandra coitada; que se ofereceu para ajudar teve que se vestir de homem e fazer par romântico com Alécia que seria uma das amigas; Laís (uma garota nova na escola) e minha amiga Raquel, ficaram na área de fotografia e produção.
   Nos reunimos para tirar as fotos em um dia de sexta-feira pela tarde, em pleno horário comercial, com todo mundo mangando das nossas roupas estranhas e das caras e bocas que eu fazia para que tudo ficasse mais engraçado.
  
   Esse trabalho também valia dois pontos extras na nota, mais eu não estava nem um pouco animada, pois todo trabalho que eu fazia e por mais que eu me empenhasse para que ficasse tudo perfeito, os professores davam somente meio ponto, não que não ajudasse , mas depois de tanto esforço eu queria pelo menos uma vez tirar nota boa no meu trabalho. Dessa vez para a minha surpresa acabei tirando um e meio, fiquei extremamente feliz, pois eu estava realmente ruim em inglês e aqueles pontos me ajudaram bastante.

 

9ª-AMIZADE CONSTRUÍDA

   Eu tinha uma grande amiga, e o nome dela era Raquel, eu já havia falado dela, em capítulos anteriores.
   Ela estava comigo em todos os momentos: os bons e ruins também. Nos meus aniversários ela nunca esquecia e sempre ligava pra mim, e quando eu estava triste ela sempre me animava e me aconselhava para o caminho certo (na verdade, eu nunca gostei muito de conselhos, mas sempre os escutei). Eu gostava muito de Raquel, mas nem sempre foi assim.
   Quando eu a conheci, achei ela bastante esquisita. Foi na quinta serie que eu a vi pela primeira vez, estávamos eu e uma colega minha olhando os novatos da escola, e Raquel chegou, uma garota fechada e de cara feia. Fomos eu e minha colega perguntar que serie ela estudava, e a garota só faltou nos bater, ela falou com a maior ignorância.
   Começamos a conversar uma semana depois e viramos colegas, mas eu continuava achando Raquel bastante estranha. Ela entrou no meu grupo de amigas, mas continuava sendo minha colega, Raquel sempre foi uma garota muito inteligente e quando tirava uma nota boa, olhava pra gente com um olhar de superioridade. Aquilo me deixava extremamente irritada, mas eu aguentei. Continuei achando ela estranha até a sétima serie, e foi lá que eu comecei a achar Raquel uma garota legal e parcialmente normal. Na oitava serie estávamos sempre juntas eu, Ketlyn e Raquel, mas foi mesmo no primeiro ano do ensino médio que eu e Raquel nos tornamos amigas inseparáveis
   Todas as vezes que tinham festas de igreja, Raquel ia comigo, pois nossas mães gostavam muito disso e nos forçavam a ir com elas. Ela também sempre me ajudava no que eu precisava; como fazer trabalhos, estudar para as provas e me explicava os deveres durante as aulas.
   Resumindo tudo, Raquel era minha amigona, e eu tinha certeza que podia contar com ela em todos os momentos. Até no meu aniversário de 14 anos, quando eu a chamei para ir a uma festa do ridículo, ela foi. Isso sim é uma verdadeira prova de amizade.

 

10ª-OS OPOSTOS SE ATRAEM

   Como eu já havia prometido no segundo capitulo, vou falar agora sobre minhas duas amigas Ketlyn e Isabela. Eu havia dito anteriormente que elas não paravam de brigar. E isso permaneceu durante um bom tempo, toda hora era um bate boca das duas, uma chatice só. Quando nós estávamos voltando da escola para casa então, era a pior parte, pois, como Isabela sempre foi muito preocupada com seus materiais de escola ela não deixava ninguém tocá-los, principalmente nos livros. E Ketlyn só para provocar jogava as coisas de Isabela no chão, e era nessa hora que começava a briga. Quando eu e Isabela íamos para a casa de Ketlyn, ela ridicularizava Isabela e falava umas “verdades” pra ela, a garota ficava irada.
   Passando o tempo elas começaram a se acostumar uma com a outra, e estavam sempre juntas, até acabaram me deixando de lado algumas vezes. Isso começou quando nós fomos ao aniversario de Ketlyn, em fevereiro, era uma festa surpresa, e de todas as amigas que ela tinha, só foram convidadas para a festa eu e Isabela, pois éramos as mais conhecidas da mãe de Ketlyn. E então, Ketlyn e Isabela ficaram bem juntas, sem brigar, com o maior chamego, eu até achei estranho, mas não falei nada. E no dia seguinte ao aniversario, Ketlyn chamou Isabela para comer doces e salgados na casa dela.
   Um tempinho depois foi que eu descobri o porquê daquele chamego todo. Elas tinham planos para os fins de semana. Mas eu não revelarei esses planos, afinal essa historia é baseada em fatos reais.
   Mesmo estando juntas e me deixando de lado de vez em quando, elas não deixaram de ser minhas amigas e amigas de Raquel, até que houve uma briga entre Ketlyn e Raquel. Elas se afastaram completamente, mas eu prefiro não comentar sobre isso no momento.
   O bom foi que com a ajuda de Ketlyn, Isabela finalmente notou um garoto que estava afim dela. Esse garoto estudava com ela na oitava serie, e sempre foi louco pela garota, o problema é que Isabela tinha namorado naquela época e contava coisa sobre esse namoro ao grande amigo dela, e seu amigo ficando cada vez mais apaixonado por ela, sofria calado. Até que um ano depois (Isabela já havia terminado com o antigo namorado), Ketlyn percebeu que o tal amigo de Isabela queria ser mais que seu amigo, e deu uma de cupido. Depois disso Isabela e o garoto começaram a namorar, e felizmente se deram muito bem.
   Essa foi uma coisa realmente espetacular que aconteceu durante a amizade delas. Elas foram amigas fantásticas, um pouco chatinhas de vez em quando, mas é normal, ninguém é perfeito. E eu creio que as duas acabaram aprendendo, que devemos nos conformar com o jeito de cada um, independentemente de como sejam.

 

 11ª-A BRIGA

   Agora sim eu quero comentar sobre a briga. Essa briga aconteceu entre Ketlyn e Raquel, e foi uma coisa bastante chata. Aconteceu no mês de junho, desse mesmo ano, por um motivo bastante fútil, que chega até a ser besta.
   Em uma quinta-feira, estávamos recebendo as provas da terceira nota de inglês. Eram dois horários seguidos, e Raquel só foi chegar no segundo. Quando o professor chamou o nome dela para entregar a prova, foi Keltyn quem pegou e guardou-a, para Raquel. Quando tocou para o segundo horário finalmente Raquel chegou, ela estava um pouco estressada, e perguntou com uma certa ignorância para Ketlyn, onde estava a sua prova. E Ketlyn não gostou do tom de voz da garota, então respondeu com uma ignorância maior ainda, dizendo que não tinha visto prova nenhuma. Quando Raquel virou as costas para voltar pro seu lugar, Ketlyn disse que a prova estava em cima da cadeira dela.
    Alguns minutos depois, elas brigaram outra vez, porque Ketlyn sentou no lugar de Raquel. Uma pediu as coisas de volta a outra, já que estavam com os lugares trocados. E como sempre, eu no meio da briga sem saber o que fazer. De repente Ketlyn começou a dizer que não estava mais falando com Raquel. E no dia seguinte, praticamente sem razão elas já não estavam mais se falando.
   Foi bem complicado pra mim, ter que dividir minha atenção entre elas, como eu não consegui dar conta das duas, Ketlyn acabou se afastando de mim durante a aula, e indo mais pra perto de Isabela. Por um lado foi melhor, pelo menos eu não precisava ficar numa situação constrangedora.
   Nessa época foi que eu percebi que não é tão fácil ficar no meio da briga de duas pessoas. E Raquel já tinha passado por isso, quando eu e Ketlyn ficamos de mal.
   Foi em um dia de sexta-feira, quando nós (eu Raquel e Ketlyn) estávamos voltando de um passeio, e de repente eu e Ketlyn começamos a discutir sem motivo, e ficamos de mal. Quando as pessoas da sala ficaram sabendo do ocorrido, ficaram mandando nós voltarmos a nos falar, até que depois de um mês voltamos a ser amigas. Eu entendo que foi complicado para Raquel, passar por isso e ficar dividida entre duas pessoas que não se falavam.
   Dessa vez nossos novos colegas de sala, também ficaram mandando elas se falarem, mas sem tanta persistência, pois afinal, estávamos num colégio novo, e eram pessoas diferentes, não tão conhecidas. E todas as vezes que eu perguntava a elas qual tinha sido o verdadeiro motivo da briga, as garotas me respondiam a mesma coisa. As duas diziam que não tinham sido as culpadas, e que tinha sido a outra quem havia deixado de falar. Mas pra mim a verdade, é que nem elas próprias sabiam.
   Mas, o difícil foi que uma passou o aniversario de quinze anos longe da outra. No de Ketlyn, Raquel não estava porque não havia sido convidada, pois como eu já havia dito, era uma festa surpresa e a mãe de Ketlyn não lembrou de convidar todas as amigas dela. E no de aniversário deRaquel, elas estavam de mal. Mas não tem problema nenhum, pois quando tudo isso acabar nós iremos rir juntas dessa história toda.

 12ª-FESTA DO RIDÍCULO

   Como era o meu aniversario de quatorze anos e não iria nem ter festa nem nada, eu decidi chamar Raquel para irmos a uma festa do ridículo. Pois, a mãe dela iria, e eu sabia que como era uma coisa de igreja, meus pais deixariam eu ir também.
   Fui me arrumar na casa de Raquel e foi o maior mico. Como o nome já diz, era pra todo mundo ir com uma roupa extremamente ridícula. Eu não queria, mas como era uma festa temática, eu deveria ir de acordo com a ocasião.
   Fui com uma blusa preta com bege de manga curta, uma saia preta cheia de flores coloridas que tinha o comprimento do umbigo aos joelhos, usei também uma sapatilha preta que achatava os meus pés completamente, usei luvas pretas bem bonitinhas, uma chuchinha azul quadriculada em forma de laço, brincos dourados e enormes que já tinham saído de moda a um tempão, um colar de micareta e uma maquilagem bem chamativa.
   Pior que eu, estava Raquel; com uma blusa rosa choque com branco que a engordava uns cinco quilos, uma saia preta enorme que também a engordava, sapatos pretos antigos, meiões coloridos que enrolavam nas pernas o tempo inteiro, vários anéis, um pano estranho e amarelo no pescoço e também com uma maquilagem chamativa.
   Saímos da casa dela morrendo de vergonha, pelo meio da avenida com todo mundo rindo da gente. E fomos até o clube onde iria acontecer a festa. Chegamos tão cedo que o local estava praticamente vazio, e enquanto esperávamos a festa começar fomos tomar uma nevada (bebida); pedimos a nevada sem álcool, pois éramos menores de idade, mas a mulher que vendia nos trouxe com álcool. No primeiro gole que eu dei; já percebi, e disse a Raquel que aquilo estava cheio de álcool, mas ela falou que não percebeu nada e continuou bebendo. Quando chegou no ultimo gole, ela me falou que achava que tinha um pouquinho de álcool.
   Depois dali a festa começou, e a bebida começou a fazer efeito em Raquel, em mim não, pois eu não tomei toda, afinal eu odeio álcool. Mas Raquel começou a dançar com aquelas musicas religiosas (muitas até sem ritmo), e a garota lá dançando loucamente, eu morri de vergonha.
   Felizmente logo, logo maus pais foram me buscar, eu deixei Raquel lá com a mãe dela e fui pra casa. Mesmo com a vergonha que a gente passou, valeu à pena ter ido pra lá.
   Não vou dizer que a festa foi legal, pois assim eu estaria mentindo, afinal não tinha quase ninguém, e as pessoas que estavam lá eram desconhecidas e estranhas. Essa festa foi uma forma de comemorar o meu aniversario, pois eu odeio passar meus aniversários do mesmo jeito, no mesmo lugar, fazendo as mesmas coisas.
   Realmente, a festa do ridículo foi uma opção bastante diferente e esquisita de se comemorar qualquer aniversario.

 

 13ª-DA CAPITAL

   Logo o segundo dia de aula, do segundo semestre, chegou uma aluna nova na minha classe. Quando ela entrou na sala, todo mundo ficou pasmo olhando para a garota, parecendo que nunca tinham visto gente diferente na vida.
   O nome dela era Laís (eu já havia falado dela há alguns capítulos atrás), era uma garota muito bonita, tinha acabado de chegar à cidade e era da capital. Tinha cabelos pretos, longos e lisos, um rosto parecido com o de uma boneca, com nariz e boca perfeitos, olhos puxados e um jeito diferente de andar e se comportar. Não estranho, mas diferente.
   Quando ela chegou, foi direto sentar no fundão, bem na minha área. Todo mundo curioso, foi logo perguntando seu nome e a escola de onde tinha vindo,quando souberam que Laís era da capital,ficaram tratando ela como a queridinha.
   O professor que estava na sala no momento veio logo recepcioná-la, e oferecer-lhe um lugar na frente, na turma dos nerds,e para a minha surpresa ela não quis,preferiu ficar na turma do fundão. Não que eu estivesse com inveja, mas a muito tempo eu estava querendo um lugar na frente e eu não tinha oportunidade nenhuma de sentar lá, e quando chega uma desconhecida vai todo mundo dando mais vantagem pra ela. Alem de tudo isso, já estava no meio do ano, e nem todo mundo sabia meu nome, e em dois dias que a garota estava lá, todas as pessoas já sabiam seu nome e sobrenome.
   No segundo dia que ela estava lá, as garotas da frente, carregaram Laís para o grupo delas e ficaram o tempo inteiro fazendo perguntas a novata. Mas no terceiro dia Laís voltou para o fundão, pois ela não gostava muito de ficar na frente. E foi nesse dia que o meu professor de inglês passou o trabalho, e sem pensar duas vezes, eu fui logo a chamando para ficar em meu grupo, antes que as garotas da frente viessem.
   Rapidamente me simpatizei com o jeito dela, e percebi que ela era mais legal do que eu pensava.
   Depois que eu conheci Laís,percebi que ela era uma garota simples, discreta e não gostava muito de chamar atenção e se exibir; só porque era da capital e nós do interior. Novamente para a minha surpresa, ela gostava de contar histórias tanto quanto eu; e além de contar, ela também gostava de escutar. Nós nos demos muito bem, pois eu gosto de contar e escutar histórias divertidas e loucas, tanto quanto ela.
   Eu sei que pra Laís foi difícil, se acostumar com o meu jeito e o das minhas amigas, e com a cidade também, afinal ela estava passando por um momento bastante complicado na sua vida, ela estava vivendo um mundo totalmente novo e desconhecido naquele momento. Mudando de cidade, casa, escola e até amigos.
   Mas, eu e minhas amigas fizemos o possível, para que ela se sentisse bem com nossa companhia, e se acostumasse mais rápido com sua nova vida.

 14ª-EXCLUÍDAS DO GRUPO

   A minha professora de física, juntamente com o professor de redação, decidiram organizar uma excursão com os alunos do 1ª-ano, nós iríamos para a CCTECA. Que era um centro de visitação, onde haviam várias experiências que explicavam sobre a lei da física. E tinha também um planetário, falando especialmente sobre o planeta terra. De sua criação até as teses de sua destruição.
   As turmas foram divididas em duas partes. A primeira parte foi dividida com a turma A e metade da B que viajariam numa quarta-feira,
e a segunda era a turma C (que era a minha) com a outra metade da B que viajariam na sexta-feira .
   Essa excursão foi uma das piores que eu já fui na minha vida. Desde o início eu não queria ir, mas só fui porque as pessoas da minha sala ficaram insistindo; dizendo que iria ser legal, afinal eu nunca tinha conhecido aquele lugar e seria bem diferente.
   A mesma coisa que me disseram no meu antigo colégio, quando foi para nós visitarmos o parque dos falcões. A excursão foi muito chata, nós ficamos o dia quase todo escutando pessoas explicarem sobre pássaros, assistindo vídeo sobre vôo de falcão e vendo alguns pássaros tomarem banho de bacia.
   O ônibus que nós fomos era fedorento e cheio de poeira; se batesse a mão no banco a nuvem de poeira surgia e tomava todo mundo, mas não posso negar que as músicas que cantávamos lá eram bem animadas. E pra completar, quando chegamos ao colégio, a diretora mandou nós fazermos um relatório. No qual eu me dei mal.
   Bom, mas mesmo assim eu fui pra essa tal excursão à CCTECA. Já começou ruim, porque teve aula pela manhã, e deram pouco tempo pra gente ir para casa se arrumar pra esse tal “passeio”. Como eu morava longe, acabei chegando atrasada e indo a viagem toda em pé. Chegando lá, fomos divididos em dois grupos, um grupo iria ao planetário, enquanto o outro ficaria numa área vendo experimentos e anotando explicações. Para, como sempre fazer um relatório depois.
   Muita gente não anotou nada, e ficou só tirando foto dos experimentos e das plaquinhas onde ficava uma parte das explicações. E quando eu estava exausta de tanto ficar de pé ouvindo explicações, acabou a primeira seção do planetário, e a professora disse que agora seria a nossa vez. Como eu e duas de minhas amigas fomos às últimas a entrar no planetário e além de nós do colégio haviam outros visitantes, quando chegamos lá ele já estava lotado e só pudemos ir na terceira seção.
  
   Enquanto esperávamos, tivemos que ficar revendo aqueles experimentos. E quando finalmente chegou a nossa vez de ir ao planetário, nós fomos as únicas três pessoas do local a ficar sozinhas assistindo o vídeo lá dentro, enquanto todas as outras pessoas foram ver os melhores experimentos que só iriam ser ligados uma única vez, e também seriam extremamente importantes na hora de fazer o relatório. Quando saímos do planetário, já era quase hora de voltar pra casa, e só para variar, a viagem de volta também foi uma chatice.
   Acabou que eu e minhas amigas formamos um grupo com algumas pessoas que tinham visto os últimos experimentos, e fizemos nosso relatório. E na hora da entrega dos relatórios, nós ganhamos notas bem menores do que aquelas das pessoas que só tiraram fotos das explicações.
   Mas é assim mesmo, a humanidade é injusta.

 

 15ª-A FÃ

   Bem no início do segundo semestre, descobri que tinha uma fã. Era Flávia a grande amiga de Daniele.
   Eu não sabia, mas Flávia me achava muito divertida e engraçada. E um dia quando estávamos juntas, mangando das outras pessoas, ela disse que era minha fã. Para qualquer pessoa que tenha escutado; isso parecia uma coisa besta, sem importância. Mas pra mim não, eu me senti lisonjeada, com o que ela falou.
   Flávia era realmente uma garota muito legal, engraçada e discreta. Sempre que ria, ela começava a ficar vermelha, como um pimentão. Ela também era bem bonitinha, e é claro que os garotos da sala não deixaram isso passar despercebido.  Embora ela não quisesse nada com nenhum deles, Flávia passou a ser disputada, cada dia a gente ficava sabendo de um garoto diferente que estava louco de amores por ela. E ela não dava a mínima para o que as pessoas diziam, ela só achava que estava muito jovem para namorar.
   Ao todo, foram duas suspeitas e cinco casos confirmados, e explícitos (de garotos que estavam gostando dela). Ela dizia que eles eram caras-de-pau, pois a maioria deles mal falava com ela e do nada chegava pedindo pra ficar, nem namoro serio eles queriam, só ficar. Flávia não era uma garota namoradeira, e isso fazia dela uma pessoa mais legal ainda.
   Sempre que nós estávamos juntas, e alguém chegava para brigar comigo, ela dizia pra mim que não era para eu me preocupar, pois era só inveja da oposição. Até quando a minha amiga Raquel vinha brigar comigo, Flávia falava que era inveja e que Raquel estava tentando ofuscar o meu brilho, mas claro que essa parte era brincadeira.
   Flávia e eu tínhamos muito em comum, o fato de sermos bastante risonhas, não querer arrumar confusão com ninguém e valorizarmos bastante uma amizade verdadeira. Nós tínhamos coisas em comum, mas claro que não éramos iguais, principalmente em relação à discrição, pois como eu já havia dito ela era bastante discreta, e eu não; sempre fui muito escandalosa. Mas isso nunca interferido na nossa amizade. Eu sinceramente adoro aquela garota, ela realmente é uma pessoa especial.

 

 16ª-O PRIMO

   Em um certo dia,estávamos eu e minhas colegas do fundão conversando sobre família,e Raquel comentou que Maurício (o brincalhão da sala) poderia ser meu parente,devido ao seu sobrenome ser Feitosa e uma parte da minha família ter esse mesmo sobrenome.
   Desde o início do ano, as pessoas viviam o chamando de Maurício Feitosa. Eu sabia que se as pessoas o chamavam pelo nome e sobrenome, e não tinha ninguém com o mesmo nome na sala, sua família deveria ser famosa, mas eu nunca liguei uma coisa à outra. E finalmente, no segundo semestre,só quando Raquel comentou,foi que eu caí na real.
   Perguntei a uma amiga dele, se Maurício tinha alguma coisa a ver com a famosa família Feitosa, e por coincidência ele escutou, então decidi perguntar diretamente pra ele, e Maurício me respondeu que sim, ele realmente tinha a ver com a família Feitosa. Essa família era tão conhecida, devido às madeireiras que com o tempo conseguiram construir, e uma delas tinha o sobrenome da família.
   Depois que eu perguntei a Maurício, ele ficou querendo saber o porquê da minha curiosidade, mas eu não falei nada, preferi perguntar pra minha mãe primeiro, só pra confirmar. Pois se ele não fosse mesmo meu parente, eu não iria passar vergonha.
   Chegando em casa, fui logo perguntar a minha mãe se nós tínhamos um primo chamado Maurício nessa parte da família, e ela confirmou que sim. Me falou dos pais e da infância dele, que meu avô é irmão da avó dele e me falou que ela e a mãe dele eram primas.
   No outro dia, Maurício veio novamente me perguntar o porquê das minhas perguntas, e eu contei que nós éramos primos. Ele ficou tão pasmo quanto eu, afinal nós nunca tínhamos nos visto na vida. Também, ele era da parte rica da família e eu da pobre, nem eu conhecia a parte da família dele e nem ele da minha.
   Quando algumas pessoas da sala ficaram sabendo que nós éramos primos, ficaram mais pasmas que a gente, isso porque nem todo mundo soube da história.
   Mas isso não importou, pois não fez diferença nenhuma nós sabermos que somos primos. Mesmo assim com o parentesco, continuamos sendo colegas normais de escola, durante o tempo em que estudamos juntos.

  17ª-UM PASSEIO LEGAL

   Ao contrário da excursão à CCTECA, a viagem para São Cristóvão foi uma das melhores que eu já fui na minha vida.E dessa vez foi organizada pela professora de Literatura, (Janete). São Cristóvão era uma cidade daqui mesmo do estado de Sergipe onde tinham inúmeros museus que guardavam a fascinante história do Barroco, e era sobre isso que nós estávamos estudando em Literatura. A professora decidiu levar todas as turmas do primeiro ano da escola, de uma vez só, mas claro que não era obrigatório ninguém ir, então foram pessoas suficientes para encher um único ônibus.
   Era sábado, ao meio dia, (em pleno dia da feira da cidade), e estávamos lá concentrados em frente à escola, prontos para sair rumo à cidade de São Cristóvão. Logo no início do passeio o ônibus empacou, e como eu já havia dito era dia de feira, então causou o maior congestionamento na avenida, mas isso não atrapalhou nada o nosso passeio, só fez com que ficasse mais divertido. Ao longo do trajeto o ônibus empacou várias outras vezes, mas a professora tinha levado pirulitos e água para nos dar, ela disse que era o nosso presente de dia das crianças já que esse estava próximo, então nós não ficamos entediados com as paradas, aliás, não tinha nem como ficar entediada, pois os garotos ficavam fazendo palhaçada o tempo todo e cantando músicas de composição própria, que eram hilárias.
   A única coisa na viagem que foi um pouco desagradável foi porque como o ônibus estava cheio, algumas pessoas tiveram que ir o trajeto inteiro em pé e uma colega minha pediu para ir no meu colo, eu acabei deixando. Como a garota estava um pouco a cima do peso e sua calça tinha detalhes de pontas afiadas, amassaram a minha perna e deixaram marcas horríveis que só foram desaparecer no dia seguinte,mas não tem problema, nem tudo é perfeito.
    Chegando ao nosso destino, nós fomos divididos em dois grupos para visitar o museu, e eu fiquei no segundo grupo, foi bom, pois deu para descansar e ficar conversando numa pracinha que estava localizada perto do museu e também próximo ao ônibus que tínhamos vindo, claro que não ficamos somente conversando,mas também mangando das pessoas estranhas da cidade.

     
   Logo, logo fomos conhecer o museu e por incrível que pareça foi bastante interessante, em nenhum momento os garotos perderam a piada e até as histórias que a funcionária de lá contava eram legais.
   Quando estávamos visitando uma sala de reuniões dos Franciscanos (uma congregação da igreja católica), a mulher nos contou uma história de arrepiar, que aconteceu com ela mesma. Ela disse que um dia dormiu em um dos bancos que tinham lá, e acordou ouvindo uma voz estranha que a mandava sair dali, e que dizia que naquele local era proibido sentar ou deitar, e quando ela abriu os olhos viu um Franciscano de pé bem na sua frente, então saiu correndo e nunca mais sentou lá. Realmente aquela história tinha nos dado medo, afinal nós ainda estávamos lá, naquela sala.
   Saindo do museu, fomos dar uma volta pela cidade para conhecer suas igrejas, pois nós tínhamos que fotografá-las para colocar em nosso trabalho. Naquela hora já estávamos morrendo de fome e não encontrávamos nenhum lugar onde vendesse algum tipo lanche. Quando finalmente avistamos uma mulher vendendo pão de queijo em frente a sua casa, corremos em sua direção; como animais que nunca tinham visto comida. Logo, os pães de queijo acabaram e não deram pra quem quis, e mesmo assim ainda continuávamos famintos. Mais a frente, encontramos um local chamado Casa da Queijada e um Posto Telefônico, novamente “atacamos”, o problema foi que lá só tinham queijada, cocada, picolé e refrigerante. O que queríamos mesmo era um bom salgadinho, e quando pensamos que tudo estava perdido, vimos um colega nosso sair de uma panificação com uma coca cola e uma coxinha. Nós saímos correndo, para que quando chegássemos lá às coxinhas não tivessem se acabado. Nós comemos aquelas coxinhas como nunca comemos coxinha nenhuma.
   Depois do lanche seguimos viagem. Na volta, a professora nos deu chocolate caro, que segundo ela, tinha custado quase o salário do seu mês. E ganhamos bexigas infláveis de um colega nosso, em homenagem ao aniversário de uma garota da nossa turma, e segundo ele as bexigas custaram o salário do seu mês, (R$3,50). Ainda no ônibus a professora decidiu que não ia mais mandar ninguém fazer trabalho nenhum, quem tivesse ido iria ganhar automaticamente dois pontos.
  Certamente eu nunca esquecerei aquele passeio, e também não esquecerei as pessoas que lá estavam, por mais que eu não me comunicasse com uma parte delas, sempre guardarei seus rostos em minha memória. Bom, pelo menos alguns!

 

 18ª-FAMÍLIA

   Nesse mesmo ano, mais ou menos na metade do ano, o meu pai finalmente caiu na real e procurou um tratamento para um dos vícios dele, um que eu havia dito num capítulo anterior, o vício que mais prejudicava a ele e as pessoas que estavam ao seu redor, o de beber.
   Do nada, um certo dia em que ele estava bêbado e eu já sem aguentar mais aquela situação,meu pai decidiu que no dia seguinte iria frequentar os “ALCOÓLATRAS ANÔNIMOS (AA)”,que era um tipo de centro de tratamento de pessoas viciadas em álcool.Não tinha nada dessas coisas de internação,mas mostrava de acordo com a realidade dos testemunhos que os próprios alcoólatras davam,como era prejudicial o uso de bebidas alcoólicas.
   A minha mãe, já tinha dado a sugestão do meu pai procurar um tratamento várias vezes, mas como ele sempre foi cabeça dura, nunca havia admitido que precisava de ajuda;bom até esse dia.Não sei quem conseguiu convencê-lo,mas quem quer que tenha sido fez um grande bem pra minha família.
   No início meu pai frequentava o “AA” todos os dias da semana, mas como era pela noite e acabava muito tarde ele ficava sonolento no outro dia no trabalho,então meu pai decidiu frequentá-lo, só finais de semana.
   Mas, não é tão fácil assim parar de beber, não é só ir para algumas reuniões e pronto. É uma luta a cada dia, tanto para o meu pai resistir as tentações, quanto para a família preocupada, pois a qualquer  momento pode haver uma recaída.É claro que o nosso lema é nunca desistir,então poderemos atravessar qualquer barreira que apareça em nosso caminho.
   Minha mãe ficou mais bem humorada depois que meu pai deixou de beber, ela até passou um tempo frequentando os alcoólatras com ele, claro que só para acompanhá-lo. Minha tia Lita ficou extremamente orgulhosa do meu pai, pois apesar dela não morar perto de nós também via a situação em que ele vivia quando ela vinha passar suas férias na minha casa.
    Sempre sonhei com o momento, em que eu iria poder dizer que meu pai não ingeria nenhum tipo de bebida alcoólica, e que quando chegasse a sexta-feira eu poderia dormir sossegada, sem a preocupação de ter mais um dos meus finais de semana “infernais”. Tudo melhorou.      
   Os coelhos diminuíram na minha casa, minha irmã concordou em dar alguns para outras crianças que também gostam de animais de estimação. Só sobraram dois filhotes, pra minha alegria. Minha irmã deixou de ser tão chata e está se tornou uma pessoa mais sociável, e acabou ela ganhando vários novos amigos.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

  

 19ª-ENCONTRO DE ARTES

    Esse encontro era um grande evento da escola em que eu estudava (chamado de ENALT), onde os alunos se apresentavam para mostrar o que sabiam fazer, ou só para ganhar pontos extras nas disciplinas.
   Eu acabei participando, no início fiquei um pouco em dúvida no que queria fazer, afinal eram muitas opções. Primeiro, pensei em fazer musica, eu ia me apresentar cantando, mas tive medo de ser vaiada. Então vi no papel de inscrição: teatro e fiquei logo louca, apresentar uma peça de teatro para um grande público sempre foi um dos meus sonhos, pois quando eu era pequena queria ser atriz, mas acabei ficando em duvida, na verdade eu queria mesmo fazer alguma coisa que minhas amigas também fossem fazer para eu não ficar sozinha já que não conhecia muita gente da escola. Eu rodei, rodei e acabei fazendo dança mais uma vez, pois na minha antiga escola sempre que tinha uma apresentação a única opção era a dança, minha sorte foi que podíamos escolher que tipo de dança queríamos fazer, eram três opções: uma dança indiana,outra regional e por fim uma em homenagem ao falecido Michael Jackson,que acabou não tendo.As outras duas deram certo.
   Resolvi fazer a indiana, que eu adorava. Eu gostava de dançar e resolvi tentar uma coisa diferente, já que a musica indiana estava tão famosa naquela época por causa da novela das oito. Para a minha surpresa a dança indiana foi escolhida para uma importante apresentação, num teatro famoso do estado, onde vários outros grupos de dança iriam estar presentes. Mas eu decidi não participar disso, eu estava focalizada somente no ENALT. Minha amiga Raquel não participou da dança, mas sim do teatro, e mesmo pagando mico, arrasou.
   Nós da dança indiana, tivemos que usar roupas ridículas, bem chamativas e blusas mostrando a barriga, foi difícil para mim já que eu estava acima do peso, mas mesmo passando muita vergonha não desisti.
  

   Ensaiamos para a dança durante dois meses. E no dia, estávamos tão nervosos que parecia que não tínhamos ensaiado nem dois dias. A abertura do ENALT foi realmente fantástica e muito emocionante, igual a todo o resto, e modéstia parte eu estava bastante confiante com a minha apresentação juntamente com o grupo. Fomos o sexto grupo a se apresentar, claro que as outras apresentações não eram somente de dança, mas quando nós entramos, a plateia nos assistiu e nos aplaudiu de pé, nós acabamos sendo os mais aplaudidos da noite.
   Passando duas apresentações depois da minha, foi a de Raquel e ela pagou o maior mico, mas até que valeu a pena, pois ela mudou completamente e nem parecia a mesma Raquel de sempre. As pessoas da sala comentaram sobre a performance dela o resto do mês, foi hilário.
   Muita gente foi embora depois das suas apresentações, mas eu e minhas amigas ficamos até o final, pois eu estava adorando aquilo tudo. Principalmente porque lá na área das exposições eu encontrei uma mulher que estava lá mostrando seu trabalho, e falando um pouco sobre o futuro e presente das pessoas que lá estavam. Ela me disse coisas incríveis que me deixaram impressionada, não que eu acreditasse nessas coisas de adivinhações, mas aquela realmente mexeu comigo.
   Acabou que quem participou do ENALT ganhou no mínimo um ponto extra em cada disciplina, e pode parecer que não é muito, mas ajudou bastante nas notas de todo mundo que estava precisando.
   O encontro de artes do colégio foi um dos melhores eventos que eu já participei, e um dos mais emocionantes também.

 

 20ª-MELHORAS

   Ao longo do ano estava ficando cada vez mais difícil para eu me adaptar com a crisma e com o jeito estranho daquelas pessoas que também estudavam lá. Como eu já havia dito, a minha sorte naquele mundo estranho foi Deise a garota normal que eu havia encontrado. Mesmo assim eu estava cada vez mais entediada em ter que ir pra crisma todo sábado, ainda mais sozinha subindo todas aquelas ladeiras de completa solidão.
   Até que um dia,aconteceu uma coisa que me fez mudar um pouco a minha opinião sobre tudo aquilo,os monitores da classe nos comunicaram que iria ter um retiro em uma casa de freiras; um retiro era passar um final de semana inteiro em algum lugar onde teríamos momentos de oração e diversão. Como eu detestava a crisma, jurei que não iria de jeito nenhum para aquele retiro, mas depois de tanta insistência de Deise, ela acabou me convencendo, mesmo sem muita vontade eu fui.
   Nós saímos num sábado a tarde, ficamos lá nos fundos da igreja protegidas do sol somente pelas folhas das árvores mau cortadas, esperando nosso ônibus atrasado. Depois de meia hora de atraso o ônibus finalmente chegou, e quando nós chegamos ao nosso destino ainda tivemos que escutar pedidos de desculpas do coordenador, um chato que só sabia reclamar. Para completar a chatice eu e Deise ainda tivemos que ficar em quartos diferentes, e nem no mesmo quarto de  Sandra eu pude ficar, aquele retiro estava realmente uma droga.
   Até chegar os momentos das dinâmicas, e apresentações teatrais dos monitores. No momento de lazer acabei conhecendo melhor as garotas de lá, e até as que eu já conhecia, que eram da minha classe que antes tímidas, agora soltavam a “franga” no retiro sem demonstrar nenhum tipo de timidez. Foi naquele momento que eu descobri o quanto as pessoas de lá eram legais e normais; não eram iguais a mim, mas afinal como a minha mãe dizia: ”Nem todo mundo è igual”.
   Foi a partir daquele retiro que eu comecei a dar mais valor às pessoas legais que tinham na crisma, continuei não gostando de algumas, mas nem tudo é perfeito. Foi aí que comecei a olhar o interior de cada pessoa com quem eu conversava, e dentro dessas pessoas lá bem no fundo de cada uma eu vi pessoas de verdade, não pessoas comuns; nem pessoas estranhas, mas pessoas especiais. Descobri que o coordenador da crisma não era tão chato assim, ele só era um cara rígido que gostava de perfeição nas coisas que fazia. Para falar a verdade, eu sempre fui uma pessoa bastante versátil, me acostumo facilmente com as coisas; eu cismo com alguma coisa um bom tempo, mas por mais que eu teime, sempre acabo me adaptando a situação. É como aquelas crianças que não querem tomar banho, choram para não entrar no banheiro, mas quando entram não querem mais sair.
    No final acabei até gostando da crisma, pra minha surpresa. E no dia mesmo em que eu fui me crismar, foi demais, eu até levei uma cesta com pão e vinho para o bispo, na hora do ofertório durante a missa, foi uma honra.
              

 

    21ª-O TIRO

   Em um dia de sexta-feira, estávamos eu e minhas colegas Ketlyn e Isabela voltado da escola, neste dia chegávamos mais cedo porque estávamos em semana de prova. Caminhávamos tranquilamente como sempre, atravessamos a primeira de quatro pistas que deveríamos atravessar, e quando paramos na segunda pista para esperar um carro passar, nos surpreendemos com uma freada brusca na pista anterior.
   A princípio não desconfiamos de nada, até que vimos um cara sair correndo da mala do carro; continuamos lá imóveis sem fazer nada, naquele momento não tivemos reação alguma; em seguida saiu um gordinho do carro perseguindo o cara, atravessaram as pistas correndo e em seguida o gordinho tirou uma arma da cintura, foi aí que eu me dei conta de que era uma perseguição policial; eu e minhas colegas ficamos aflitas naquele momento, e ainda continuamos imóveis com o coração quase pulando pela boca. A hora em que eu finalmente me mexi foi quando o gordinho deu o primeiro tiro, foi ali que eu gelei e puxei minhas colegas pelo braço para sairmos dali o mais rápido possível. Paramos para nos proteger do tiroteio na oficina do pai de Ketlyn, e enquanto as pessoas de lá riam, nós estávamos quase chorando de tanto medo.
   Mais tarde, depois de mais de meia hora esperando tudo se acalmar, ficamos sabendo que o bandido entrou em uma casa que estava cheia de crianças e com o portão aberto, e se escondeu lá. A sorte foi que ele estava desarmado e algumas crianças gritaram por socorro e acabaram alertando a policia.
   Finalmente o ladrão foi preso e tudo acabou, depois quando estávamos voltando para casa rimos de toda aquela situação e da expressão do rosto de cada uma, ao se deparar com a situação em que se encontrava.
   Era mais que normal, que nós tivéssemos ficado surpresas com aquilo tudo, afinal aquela era uma cidade de interior e não eram todos os dias que acontecia uma coisa daquelas, ainda mais em pleno dia e tão perto de nós. O local onde morávamos era bem distante do centro da cidade e por mais que as pessoas não pensassem isso, aquele era um lugar bem tranquilo e sem muita violência, ao contrário de certos bairros chiques de filhinhos de papai.
   O único caso que deu mesmo o que falar naquela região foi quando um homem matou a própria mulher por motivos pessoais dos quais prefiro não comentar. Tirando esse fato ocorrido, eu mesma não tinha nada a reclamar do local onde eu vivia com minha família, pra mim aquele era o melhor lugar onde se poderia viver.

 

 22ª-OUTRA VISÃO

   Assim como na crisma, passei a ter uma nova visão da escola em que eu estudava, percebi que não era tão chato assim estar ali, e as pessoas de lá até que eram legais e gentis. Percebi que os professores eram bem humorados, e só faziam cara de quem comeu e não gostou pra dar uma de durões e manter a ordem na sala. No final do ano foi que eles demonstraram tudo isso, e mostraram mais alegria.
   Adriano que era o professor mais mal humorado de todos, já até sorria um pouco das besteiras que nós falávamos em sala de aula. E eu percebi que ele era uma pessoa legal quando falei com ele fora da sala, quando não estava dando aula ele até era engraçado. Sem falar na sua explicação fantástica.
   Andrea era uma mulher simples e divertida, coisa que eu não achava no início do ano. Já no fim,quando o ano estava quase acabando ela conversava com todo mundo,ria como uma adolescente e controlava a sala de um jeito que no início de tudo ninguém imaginaria. E pra surpresa de todo mundo, ela já nem brigava mais com Maurício.
   Jadson estava cada vez mais brincalhão, e dando um show em suas aulas de revisão para o vestibular. Ele já nem ficava muito de mau humor.
   Edilson era um cara incrível, e fazia de tudo para se dar bem com seus alunos. E uma coisa que me deixou mais feliz ainda, foi o fato do último assunto do ano, ser um que eu realmente achava interessante.
   Wilson, as aulas dele continuavam passando bem rápidas como sempre, graças a Deus. Ele aprendeu o nome de todo mundo, o que foi uma coisa ótima. E pra mim, ele era mais que um professor, era um amigo.
   Rosângela, no fim do ano eu já estava até entendendo o que ela falava, e descobri que o problema de não entender era meu mesmo, aquilo se chamava falta de atenção.
   Josivaldo já passava prova mais maleáveis, menos dever para casa e já tinha se tornado um cara mais gentil. Percebi que o baixinho era mais legal do que eu pensava.
   Janete ficou aberta a discussões e agora já aceitava opiniões das outras pessoas.
   Adilson era até gente boa e ajudava os alunos quando eles precisavam, claro que primeiro tinham que fazer por onde merecer sua ajuda. E descobri que ele não puxava conversa com ninguém, eram os outros que iam conversar com ele.
   Agora a professora de redação já não era mais Jeane, para a minha sorte, eu já não achava ela tão chata quanto antes, mas mesmo assim ainda não ia com a cara dela.                                                                         
   Gabriele era professora de educação física e ótima, nós estávamos até fazendo jogos legais de vôlei, e um dia ela até convocou a mim e a algumas colegas minhas para jogar contra o pessoal do segundo ano, que era bem melhor que a gente, e nós ganhamos.
   Até os outros funcionários estavam legais.
   Nivaldo já dava um sorriso e dizia bom dia ao chegar, na verdade ele sempre dava bom dia, mas era um bom dia sem graça meio que forçado, agora os bons dias dele tinham emoção.
   Eu acho que José o porteiro, tinha percebido que eu já não aguentava mais de dar tanto bom dia, então ele só dava um sorriso quando me via, e eu também fazia a mesma coisa ao vê-lo.
   Adelmo, finalmente aprendeu o meu nome, mas só por brincadeira me chamava de Renata, ele continuava sendo o mesmo cara gente boa de sempre.

    A partir do dia em que eu descobri tudo isso sobre as pessoas da escola, meus dias lá, se tornaram bem melhores. Sem falar de quando eu comecei a conversar com os meus colegas de classe, eles eram tão legais que por mais que eu não demonstrasse isso, toda vez que a aula acabava e eu ia embora pra casa, ficava louca pra chegar o outro dia pra eu ir pro colégio novamente e conversar com eles.
   Outra coisa bem legal que teve no final do ano lá no colégio, foi o prêmio cana; uma coisa que meu professor de biologia inventou para fazer a gente pagar mais mico ainda. Teria uma eleição em cada sala da escola para decidir o primeiro, segundo e terceiro lugar do prêmio; seriam três colocações em cada sala.
   Em uma terça-feira nosso professor nos mandou colocar num papelzinho três nomes que nós achássemos que deveriam ganhar o prêmio, e na terça-feira seguinte a entrega dos prêmios seriam feitas.
   Na outra semana, chegou o professor com as canas organizadas em ordem crescente de tamanho e colocação. E para ficar mais engraçado, ela havia preparado algumas frases no computador para homenagear cada premiado.
   Em terceiro lugar acabou ficando Leo um garoto que já estava reprovado, em segundo ficou Marcos que também já estava reprovado; mas mesmo assim frequentava as aulas. E em primeiríssimo lugar Maurício Feitosa que se emocionou ao ganhar pelo segundo ano consecutivo; eu sei que você, caro leitor deve estar se perguntando. Como pelo segundo ano, se nós ainda estávamos no primeiro ano do ensino médio e aquela era uma escola que só aceitava pessoas a partir do primeiro ano? Calma, eu vou explicar; no ano anterior Maurício havia reprovado e também ganhado o prêmio cana, mas neste ano ele havia aprendido a lição e virado um aluno aplicado. Mas isso não importa no momento.
   Como eu havia dito, Maurício ficou tão feliz que até se emocionou; mas claro que do jeito brincalhão de sempre, e teve até discurso de agradecimento. Os garotos estavam com tanta vontade de chupar a cana, que a descascaram no dente durante o intervalo, e não a dividiram com ninguém; chuparam toda sozinhos.
   Pra mim foi mais que merecido que os ganhadores tenham sido eles, eu não conseguiria imaginar mais ninguém pra ser homenageado de tal maneira.          Certamente foi honra ao mérito.

  

 23ª-VESTIBULAR

   Desde o primeiro dia de aula os meus professores vinham alertando as turmas, principalmente as do primeiro ano, com relação ao vestibular, pois teríamos que começar a fazê-lo a partir desse ano e não mais do terceiro. Eles falavam que nós tínhamos de estudar não pensando somente nas provas; como fazíamos no ensino fundamental, mas sim pensando principalmente no vestibular, pois isso iria influenciar muito no nosso futuro e nas decisões que tomaríamos depois dali.
   Na segunda semana de aula eu já não aguentava mais ouvir falar em vestibular, e decidi que não queria saber mais nada sobre isso, afinal só iríamos fazer esse tal vestibular no fim do ano, e eu tinha muito tempo para estudar até lá. Então decidi curtir a vida enquanto estava no início do ano, e isso resultou em notas baixíssimas no final do mês; além de não estudar muito eu senti dificuldades na nova escola, pois era tudo bem diferente do que eu já estava acostumada. E no final do semestre acabei ficando de recuperação em seis de dez matérias.
   Decidi que no outro semestre iria me esforçar bem mais e recuperar o tempo e os pontos perdidos, eu estudei bastante e no fim do semestre fiquei de recuperação somente em uma, mas nessa fiquei porque tinha realmente dificuldade, no final de tudo acabei passando sem precisar ficar na recuperação final.
   O problema era que agora eu teria uma coisa maior para me preocupar, o vestibular. Esforcei-me bastante nas três semanas que tínhamos de revisão para o vestibular, eu estudava todo santo dia, mas não estava nem um pouco confiante.
   E finalmente quando chegou o dia eu estava completamente tranquila, continuava sem nenhuma confiança, mas estava tranquila. Fui sozinha para a escola onde eu iria fazer vestibular, e chegando lá me deparei com um monte de gente que eu conhecia esperando pra que o colégio abri-se, e na frente da escola estavam três professores meus com um estande montado dando água e chocolate para que os alunos se acalmassem; claro que eles só davam isso para os alunos da escola deles.
        Quando deu 7:00 horas da manhã eu decidi entrar na escola, e para a minha sorte tinha uma colega minha que estava na mesma sala que eu, então ficamos esperando dar o horário de fazer a prova em frente a sala; quando faltava quinze minutos fomos entrar. Mas primeiro teríamos de passar por um fiscal que estava em frente à sala, e mostramos nosso papel de identificação onde deveria estar uma foto. O fiscal olhou a foto da minha colega e logo a liberou, em seguida ele olhou a minha; mas a minha foto estava tão feia que ele ainda ficou olhando ela um tempão para ver se era realmente a mesma pessoa, não que eu fosse muito bonita; mas naquela foto eu estava parecendo uma alienígena, eu até entendo o fiscal.
   Em fim, entrei na sala e fiz a minha prova; acabei sendo uma das últimas a sair de lá, mas deu tempo de acabar tudo antes que o tempo acabasse. Não me sai muito bem na prova, mas tenho certeza que nos outros dois anos que estão por vir; meus resultados serão bem melhores agora que eu já sei como é o esquema. E a minha colocação não foi tão ruim assim, eu fiquei em mil duzentas e vinte e quatro de mais ou menos onze mil pessoas.

 

 24ª-REVELAÇÕES

   Como eu já havia dito, foi bem no fim do ano que meus professores mostraram que realmente eram legais. Isso aconteceu na última semana de aula, quando eles fizeram inúmeras revelações, sobre o jeito deles e seus comportamentos.
   Aquela foi uma semana de inúmeras emoções, e o último dia de aula foi super maneiro. Todo mundo, inclusive os professores, já estavam indo pra escola sem aguentar mais de tanto cansaço, e os alunos então, estávamos contando os segundos para acabar logo. No fim de cada horário nós vibrávamos só de saber que estava perto de acabar as aulas, certo que algumas pessoas ainda iam ficar para a recuperação final, mas estavam felizes do mesmo jeito. E finalmente quando deu o último horário, nós nos juntamos todos no fundão e começamos a bagunçar, gritávamos “acabou”, a cada questão que a professora respondia. E muita gente tirou foto e filmou toda a nossa bagunça. Quando finalmente acabaram-se as aulas, começamos a gritar muito, e descemos as escadas dançando; bom, algumas pessoas. Tenho certeza que aquele foi um dia inesquecível para todos nós, e que merece estar no meu livro.
    

   Escrever um livro sempre foi um grande sonho meu, talvez o maior deles. E quem me incentivou a realizar esse grande sonho, foi uma das minhas professoras, (Gabriele). E eu não posso esquecer também, de duas amigas minhas que me apoiaram e ajudaram em todos os momentos a realizar esse sonho, Raquel e Paola.
   Tiveram pessoas que riram e duvidaram de mim, disseram que essa era mais uma de minhas loucuras e eu não chegaria nem ao final do livro. Mas tiveram também as pessoas que acreditaram em mim, e não foram só Raquel, Paola e a minha professora. Para a minha surpresa, quando eu contei aos meus colegas de sala que estava pretendendo escrever um livro, eles concordaram plenamente e me deram o maior apoio, e são a essas pessoas que eu agradeço do fundo do meu coração.
   Sem falar dos meus familiares que também me deram força, e tiveram paciência de esperar para ler só quando tudo estivesse pronto. Bom alguns, pois na minha casa eu não tinha sossego, minha irmã ficava o tempo todo me desobedecendo e tentando arranjar uma maneira de ler, e a minha mãe também. Foi bem difícil manter tudo em segredo, mas deu certo.
   Meu verdadeiro nome é (Bárbara), escrevi este livro quando eu tinha 14 anos, baseado em uma parte da minha vida. E durante esse ano de mudanças, que foi tão importante para mim, eu aprendi várias coisas novas, e uma delas foi que ser diferente é normal. E isso pode parecer frase feita, daquelas de pára-choque de caminhão, mas a verdade é que não devemos julgar as pessoas por sua aparência física e pela primeira impressão que tivermos delas, mas sim pelo que está dentro dos seus corações (coisa que poucos fazem). Mas afinal errar é humano, e é com os erros que se aprende.
                           Fim                                                      
        

Atenção: 
 
   Pois é caro leitor, eu escrevi fim, mas a minha história não acaba por aí. Depois de tudo isso, eu ainda passei por poucas e boas nessa minha vida de doidices, e espero um dia ter novamente a oportunidade de contar mais um pouco da minha realidade pra vocês. Obrigada.